domingo, 29 de janeiro de 2012

Hoje eu quero escrever.

Hoje eu quero escrever.


Este blog tem alguns leitores. Alguns são ocasionais. Outros entram por acaso enquanto pesquisam verbetes no google. Alguns desses ficam e tomam um café. Outros saem apressados porque não era bem o que estavam procurando. Alguns nunca mais voltam. Alguns poucos se tornam leitores assíduos.

Um desses meus leitores assíduos é um crítico de literatura. De cinema. De política. De tudo.

Este meu crítico assíduo gosta de alguns dos meus textos. Outros ele detesta. Outros ele ignora. Para todos, ele faz a mesma crítica: “Seus textos são centrados em si e giram ao seu redor. Tente escrever sobre temas gerais, sem colocar tanto de si nas linhas e entrelinhas”.

Acho que ele está certo. Mas eu nem tentei me tirar do papel. Estou presa a ele. E ele a mim. Fazemos uma simbiose agradável. A tela do computador e o teclado são continuações da minha mente. O Blog é a minha “penseira ”. E vai continuar centrado em mim.

Adoro ler. Observo que os escritores também se manifestam por meio de suas obras. Eles se dissociam em alter-egos e revelam seus medos, desejos e sonhos por meio dos seus personagens. A J. K. Rowling por exemplo, é a Rita Skeeter. O Eça de Queiróz é o Ega (“Os Maias”). Marion Zimmer Bradley pôs um pouco de si na sua “Morgana das Fadas” e J.R.R. Tolkien provavelmente gostaria muito de ser o Frodo (“O Senhor dos anéis”).

Enfim, escrever é falar de si. Seja explícita ou implicitamente. Usando metáforas ou sendo diretos, os escritores se expõem. Sem se preocupar muito com o que os outros vão pensar. Ou bem lá no fundo, esperando que todos gostem. Afinal, é para isso que se escreve... Para ser lido e para ser querido!

Acho bonito quando os autores criam imagens, personagens e mitologias para falar das suas experiências de vida, seus medos e da história do seu tempo. Isso fica muito visível na saga “O Senhor dos Anéis”. Escrita durante um período turbulento em que as trevas dominavam o mundo (II Guerra mundial) e os tiranos faziam as leis. Como não associar o Senhor do escuro com Hitler e seus soldados com os orcs?

Já na linha dos escancarados, temos “Maus” de Art Spiegelman . A história do pai do autor é escrita em quadrinhos. Os judeus são ratinhos. Os alemães são gatos. Os americanos são cães e os poloneses são porcos, etc. A metáfora se limita aos animais-personagens. O resto é pura realidade. Nua e crua. A história é linda. Eu recomendo.

Implícito ou explícito, lá está o ego do escritor. Nas linhas, nas entrelinhas, nos títulos e nas notas de rodapé. Seria bom se pudéssemos colocar a nas referências bibliográficas: História de Vida – Autor: O próprio.

[1]Penseira: Caldeirão usado por alguns bruxos na série “Harry Potter”. Servia para armazenar pensamentos e de certa forma, esvaziar um pouco a mente. Com auxílio da varinha, o bruxo transfere suas lembranças para a penseira e deixa guardadas ali para usar quando for necessário.

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