domingo, 24 de julho de 2011

A roda da fortuna e os ciclos da vida

Sempre que pensamos em fortuna, lembramos de riqueza. João ganhou uma fortuna na mega sena. Esse carro vai me custar uma fortuna.


Na realidade, Fortuna é uma deusa romana. A carta do tarot: “A roda da fortuna” faz menção a ela. O que é fortuna, afinal? É o destino. Por alguns, chamado de sorte. Um mito criado pelo homem para explicar os reveses da vida.

A roda da fortuna é um círculo que não para de girar. Um dia estamos em cima, no outro estamos em baixo. Um dia estamos ricos, no outro pobres. Um dia temos saúde, no outro não. Um dia temos amigos, no outro, estamos sós. Um dia temos certas prioridades, no outro elas não parecem mais tão importantes. Só a nossa essência se preserva.

O melhor lugar para se estar é no centro da roda. O centro é estável. É a casa da essência do ser. Não muda, não gira. A partir do centro se tem uma perspectiva melhor do que se passa. Não sentimos a turbulência e ao mesmo tempo, podemos ver a roda girar. Podemos ver as mudanças sem ser afetados por elas. É o caminho do meio, a maturidade, a máxima sabedoria que só se alcança após girar várias e várias vezes.

Não é possível estar sempre no centro da roda. No entorno está toda a violência da mudança. É como andar numa montanha russa. Tem que ter fôlego.

O senso comum sempre ensina a não se embriagar no êxtase da boa sorte e não se abater demais nas fases de vacas magras. “Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe.” Mais uma expressão inspirada na roda da fortuna. Ou seja, permaneça no centro do círculo e tenha calma. Todas as fases passam. Todas mesmo!

Comecei a escrever esse texto após refletir muito sobre os ciclos da vida. Os altos e baixos sempre fizeram e sempre farão parte da vida de todos nós. Com o tempo, eles não nos surpreendem mais. Não tenho mais a efusividade da minha adolescência, nem caio em depressão quando a roda me mergulha no fundo dos problemas. Sei que após um ciclo difícil, chega um outro venturoso. Após a doença, vem a saúde. Após a tempestade, vem sempre um lindo dia.

Porém, não dá para ser Pollyana o tempo todo. É preciso refletir sobre esses ciclos. Eles não devem se repetir. A vida deve ser uma espiral ascendente, não um círculo vicioso. Se há algo que sempre se repete do mesmo jeito, é por que não aprendemos nossa lição ainda. Se, contudo, a roda gira e em sua rota avança, então tudo está bem. Você está progredindo.

Esses dias descobri que a belíssima Carmina Burana, do compositor alemão Carl Orff, nada mais é que um conjunto de poemas do século XIII que ele transformou em ópera. O meu trecho favorito trata da nossa heroina, a Fortuna, e se chama “Carmina Burana - O Fortuna, Imperatrix Mundi” (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carmina_burana).

Eu o convido a ouvir o trecho da ópera e refletir sobre os ciclos da sua vida. Estamos avançando ou estacionamos no tempo e no espaço?
Carmina Burana - Fortuna
Carmina_burana
 

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