sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O Tempo


O Tempo

Enquanto observo a paisagem correr para trás, fico a refletir sobre o tempo. O ônibus me faz sentir que ando para frente, embora o meu destino seja o passado.

Um passado distante, empoeirado, triste. Como um livro antigo que colocamos na estante e de tempos em tempos abrimos para folhear.

O passado.

Não se pode apagar. É como a fundação de uma casa. Precisa ser mantido inteiro, sem fissuras. Fica oculto, enterrado. Mas, se tiver qualquer problema, toda a estrutura desaba.

Nunca ouvi falar de reforma em fundação. Mas, sei de prédios demolidos que viraram novos empreendimentos, tendo-se aproveitado os alicerces.

Podemos nos reinventar, nos demolir e nos reconstruir mil vezes, mas a fundação sempre será a mesma.

Por isso, há que se cuidar dessa base. Mas, não se pode viver só dela.

Precisamos de parede, telhado, janela...

O futuro.

É a janela. Por ela, vemos o horizonte. Por ela vemos o amanhecer, o meio-dia e o pôr do Sol. É ela que me anuncia o começo e o fim da jornada. Precisa estar sempre aberta, arejada, livre. Nada de grades, telas ou cadeados. Quero minha janela escancarada.




O presente.

É o chão que eu piso. Foi de barro, foi de vermelhão. Foi de ardósia, é de porcelanato. Ora quente, ora frio. Gosto de pisar descalça, para sentir a textura, a temperatura. Para me conectar.

O chão me prende a realidade. Nele eu percebo que não sou mais que um grão na poeira cósmica que é nosso planetinha. Uma bactéria, uma mitocôndria. Ou menos que isso. Apenas um atomozinho. Um nada...

O Tempo.

Este sim. Eterno, ilustre, elegante. O ônibus segue para frente. A paisagem fica para trás. Meus dedos procuram as teclas e minha mente divaga. A janela do ônibus é larga, mas trancada.

Estou presa. Ao presente? Ao passado? Os pés estão no chão, mas meu chão se desloca. Sigo em direção a ontem. Lá esta meu pai. Minha memória. Meu sangue. Minha fundação.

Não se pode fugir dele.

É preciso que esteja inteiro. Resguardado. Restaurado. Vivo.

Melhor cavar mais um pouquinho. Ver se está bem firme. Quem sabe se eu colocar mais uma coluna? 

O presente pode melhorar esse alicerce. Mas, não perco muito tempo com isso. A janela continua mostrando que a paisagem corre. Cada vez mais rápido, para trás.




É o Tempo.

Avisando que não vai esperar mais nada. Tenho ganas de saltar da janela. Mas estou com os pés presos no chão. Melhor ficar por aqui mesmo, ao menos por enquanto. O Presente me chama de volta a realidade.

A janela vai ter que esperar mais um pouquinho. Falta pouco agora. A reforma segue em andamento conforme o cronograma. Logo, logo, a nova estrutura estará pronta.

Então, todas as janelas se abrirão... O ar fresco e a luz vão invadir todos os cantos da casa. Todos os dias serão de Sol e sempre será Primavera! 


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Mensagem de Natal


This little light o’mine.. I’m gonna let it shine. Let it shine. Let it shine. Let it shine…

E o Natal começou assim. Sorridente, musical. No conforto do sofá, no aconchego da cozinha. Tudo perfeito. A comida cheirando no forno. A casa limpa. As plantas regadas.
A mesinha pequena teve uma ceia bem simples. Pãozinho, panetone, suco de uva, rosca natalina. Presentinho. Nada de mais. Nem de menos. Apenas o suficiente.

Eu estava feliz com meu Natal sustentável. Sentia-me bem comigo e com o mundo.

Foi quando me atrevi a olhar pela janela e não gostei do que vi. Aqui, de dentro do conforto da sala de jantar, havia me esquecido de como é o mundo lá fora.
Tiros, bombas, crianças com fome. Drogas, violência. Gente sofrendo. Meninos armados. Pais que acorrentam o próprio filho dentro de casa para protegê-lo dele mesmo e do crack.
Olhei de volta para minha mesinha simples e fiquei triste.  Eu achava que tinha feito minha parte. Repartimos o pão e as roupas com quem tinha menos que nós. Oramos a Deus pelos menos afortunados e agradecemos pela nossa saúde. Cumprimentamos os amigos. Enviamos mensagens pelo facebook...

Mas, o som dos tiros continua ecoando em meus ouvidos. A visão de hospitais cheios. O cheiro do sangue. A dor dos aflitos... Foi tirando aos poucos minha Paz.
Difícil dormir em uma cama confortável, enquanto milhares não têm onde descansar a cabeça.
Sei que é fácil se engajar daqui de dentro do conforto do meu sofá. Teclando em um computador. Usando os dedos para tentar mudar o mundo. Será que é possível? Será que é suficiente?

Enquanto crianças segurarem armas, não pode haver Feliz Natal!

Eu sei que nessa época todos nós só queremos ver imagens de alegria e confraternização. Sorrisos, festa, comida e bebida. Mas, enquanto comemos nossa ceia, milhares de crianças morrem pelo mundo. Vitimas da fome, da guerra e da ignorância.

E o que estamos fazendo para resolver isso?

Não adianta dizer que não é problema seu. Tudo está conectado. Eu, você, o menino que fuma crack em São Paulo ou no Rio ou na Bahia. A menina Palestina que acaba de ser estuprada por um soldado ensandecido. E o playboyzinho que depois de tomar todas vai passar com seu Audi sobre várias pessoas inocentes ou se arrebentar em um poste.

Agora, aqui do meu confortável sofá, não posso fazer nada. Só posso orar. E convidar quem eu conheço para fazer o mesmo. É um começo. E que não seja o fim.

Tiremos alguns minutos da nossa Noite Feliz e façamos uma oração por eles. Não custa nada. Não é muita coisa. Mas, se há um Deus no céu, ele há de nos ouvir. Quem sabe se todo mundo orasse um pouquinho, o mundo seria menos violento. Quem sabe??

Quem sabe o que poderia acontecer se todo mundo se incomodasse com essa situação?
Não quero ser mais uma pessoa da sala de jantar. Mas, ao mesmo tempo me sinto impotente.
Só orar não basta. Só desejar não basta. Deve haver algo que se possa fazer de fato. Mas, o quê?



Amanhã o efeito das festas terá passado e nossa vida voltará ao normal. Seremos engolidos pelo relógio e não nos lembraremos de mais nada. Nem de festa, nem de dor.
Entorpecidos pela rotina, deixaremos o sonho para depois. Afinal, é preciso trabalhar, estudar, atender compromissos, cuidar da família. Mudar o mundo? Eu? Agora não posso. Estou muito ocupado tentando sobreviver...

Que não seja assim. Que nossa luz não se apague. Que o ser humano reencontre a harmonia com a Terra. Que a violência seja banida para sempre.

Que cada um se esforce um pouquinho para fazer um mundo diferente. Não amanhã, nem no Ano Novo, nem depois que as contas forem pagas. Mas aqui e agora.

Um Ano Novo decente para todos!

“Never, never be afraid to do what's right, especially if the well-being of a person or animal is at stake. Society's punishments are small compared to the wounds we inflict on our soul when we look the other way.” 
― Martin Luther King Jr.

sábado, 20 de outubro de 2012

Pára tudo! É informação demais. Vamos tomar um café!

Tem momentos que faço isso mesmo. Quando o cérebro não está processando mais nada e estou prestes a entrar em curto, páro tudo e vou tomar um café. Troco uma ideia com alguém. Ou fico ali sozinha mesmo, observando a fumaça que sai da xícara e pensando em como tratar toda essa avalanche de informações que recebo todos os dias. 

Ando refletindo sobre o efeito da modernidade sobre nossa saúde mental. Decididamente recebemos muito mais informações que nosso cérebro é capaz de processar. Tudo hoje é muito rápido e entrecortado. Interrompido. Raso.

Começamos a escrever uma mensagem no facebook e logo "pipoca" uma outra no MSN, e no twitter. E toca o telefone. E chega um e-mail novo. E a atualização do Windows lhe interrompe avisando que vai reiniciar sua máquina....AGORA!

... (reiniciando)...

Antigamente, usávamos mais o "ou". Ou escrevíamos uma carta, ou usávamos o telefone. Ou íamos falar pessoalmente. As cartas eram mais longas.

Ou conversávamos com uma pessoa ou com outra. Esse negócio de falar com três ou mais amigos simultaneamente sobre assuntos diferentes é coisa de doido! Minha avó nunca entenderia.

Eu estou achando que isso tudo está nos tornando mais impacientes. Mais rasos. Superficiais.

Se o professor oferece aos seus alunos um texto com mais de quatro linhas, os alunos desistem de ler. Pior! Sob o argumento de que tem “muitas palavras”. Ficam logo cansados e entediados. Querem que o professor leia por eles. Escreva por eles.  Pense por eles. 

No meu tempo de estudante, as redações tinham que ter de quatro a cinco parágrafos e de 20 a 25 linhas.

O meu filho só precisou escrever 15 linhas. O ENEM de 2010 exigiu 11 linhas. O de 2011 reduziu a redação para 8 linhas! O de 2012.... sete linhas...SETE LINHAS!!!!!

Como expressar uma ideia e desenvolver um raciocínio com apenas pobres 7 linhas?

Quem é que quer desenvolver ideias, minha tia? – Responderia um desses meninos da geração Z. Essa turma que já nasceu com um chip no cérebro e que não sabe segurar uma caneta, mas digita mais rápido que qualquer secretária executiva.

Pensam rápido. Aprendem rápido. Esquecem rápido. Agem sem pensar.

Nós queremos falar, não dizer. Informar, não conversar. Não há tempo para textos complexos. Não há tempo para filosofia. Não temos tempo para refletir. Nem para sentir. Estamos na era do AGIR! Be quick or be dead! 

                                                                 Blog do Quemel

Confesso que não estou gostando nada disso! Quero conversar. Falar e ouvir. Ler e escrever. Críticas. Comentários. Sugestões. Hipótese. Antítese. Tese.

Quero a reflexão. Quero mais contato. Menos superfície. Mais conteúdo. Olho no olho!

Sei lá.... O que vejo adiante é uma epidemia de psicóticos. Surdos sem problemas de audição. Analfabetos que conseguem ler, mas não conseguem entender o que as palavras lhe dizem. Líderes que decidem com base nas três primeiras linhas de emails que fingem ler. Porque afinal, mais importante que decidir certo é decidir rápido!  

Pessoas impacientes, intolerantes e que medirão seu sucesso pela rapidez com que conseguem responder aos milhares de estímulos que recebem. Sem se preocupar com a qualidade dessa resposta. Sem se preocupar com o impacto das suas decisões. É tudo tão rápido mesmo, que daqui a cinco minutos ninguém vai lembrar do que foi dito ou escrito.

As palavras estão ficando mais curtas e mais escassas. Os vocabulários, cada vez mais restritos.

Ou encontramos o caminho do meio ou vamos todos ficar meio doidos.

Quem consegue ler, entender e responder 200 emails por dia, dentro de uma rotina que inclui conversar com pessoas, andar, comer, rir e amar?

Quem consegue absorver tanta informação? Como diria Caetano...“Quem lê tanta notícia?”.

Por que temos que andar plugados o tempo todo? O ipod no ouvido, um olho na TV outro na internet e dedos rápidos que interagem com todas as redes sociais existentes ao mesmo tempo.

Deixo aqui o meu protesto!

Proponho voltar a ser simples. Que tal uma vez por semana ir para um lugar onde não haja telefone, nem TV, nem internet? Só para a gente descansar um pouco a cabeça?
  
Na Higiene Ocupacional se utiliza o repouso como forma de reduzir o impacto dos agentes de risco na saúde das pessoas. Se há exposição a ruído, se passa uma parte do tempo em um ambiente mais tranquilo. Se numa tarefa há o uso dos braços, que se alterne com alguma atividade que utilize as pernas. Se o indivíduo está em um ambiente quente, vai para uma área mais fresquinha....


E se está exposto a excesso de informação, faz o quê?

Desliga. Desconecta. Cala.

Sugiro o silêncio. Um pão caseiro. Uma xícara de chá ou de café. Uma caminhada no mato. Um bom papo com os amigos. Sem ipods e sem celulares. Por favor!

Descansar a mente e o espírito. Não podemos interromper o avanço da tecnologia. Mas, é preciso saber a hora de parar a nós mesmos. 

Vou agora mesmo fazer um capuccino e refletir um pouco mais sobre isso tudo enquanto observo a fumaça da minha xícara se esvair no ar. Estão servidos?


domingo, 7 de outubro de 2012

Conversas imaginárias

Uma conversa imaginária baseada em fatos reais.

Hora do café da tarde. As cigarras silvam em uma árvore distante. Faz calor na Baixada Fluminense, mas à noite deve chover.

Uma criança, um pai, uma xícara de café fumegante e perguntas existenciais...

- Pai por que o passado se chama passado e o presente se chama presente? E o que é o futuro?

- Filha, por que você não comeu aquele bolo que sua mãe lhe fez e você nem provou?

- Xiii, pai. Esqueci! Agora, já tem mais de uma semana! Deve estar passado!

- Exatamente, filha. Passado, é aquilo que passou do tempo. Virou história. O futuro, é desconhecido. É como aquela estrada para a serra, quando está cheinha de nuvens. A gente não enxerga nada, não é mesmo? Mas, conseguimos enxergar passo a passo, metro a metro, conforme vamos avançando. Isso é o futuro. A gente só entende mesmo, quando ele vira presente.

- E o presente, pai?

- Ah, o presente é uma dádiva. É por isso que ele se chama presente. Precisamos aproveitá-lo bem, senão, ele fica igual aquele bolo que você não comeu. Fica passado e você nem pôde saber se era bom ou não.

Entendeu, minha filha?



sábado, 18 de fevereiro de 2012

Virginia Woolf

Virginia Woolf

Estou lendo contos da Virginia Woolf.  Que mulher fascinante! Quanta inteligência e criatividade cabiam naquele corpo comprido e desajeitado.

Procurei saber mais sobre ela. Adivinha o que fiz? Perguntei ao Google... óbvio!! Lá achei sua biografia no wikipedia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Virginia_Woolf
"Woolf era membro do Grupo de Bloomsbury e desempenhava um papel de significância dentro da sociedade literária londrina durante o período entreguerras. Seus trabalhos mais famosos incluem os romances Mrs Dalloway (1925), Passeio ao Farol (1927) e Orlando (1928), bem como o livro-ensaio Um Quarto Só Para Si (1929), onde encontra-se a famosa citação "Uma mulher deve ter dinheiro e um quarto próprio se ela quiser escrever ficção".

No dia 28 de Março de 1941, após ter um colapso nervoso Virginia suicidou-se. Ela vestiu um casaco, encheu seus bolsos com pedras e entrou no Rio Ouse, afogando-se. Seu corpo só foi encontrado no dia 18 de abril.[1]
Em seu último bilhete para o marido, Leonardo Woolf, Virginia escreveu:
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Querido,Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer. Você me deu muitas possibilidades de ser feliz. Você esteve presente como nenhum outro. Não creio que duas pessoas possam ser felizes convivendo com esta doença terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que é a você que eu devo toda minha felicidade. Você foi bom para mim, como ninguém poderia ter sido. Eu queria dizer isto - todos sabem. Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você. Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza da sua bondade, sem igual. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais. Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.V.
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Encontra-se sepultada em Non-CemeterySussex na Inglaterra.[2]


Não posso me dizer uma grande entendida de Virgínia, pois li apenas 3 dos seus deliciosos contos. Contudo, já pude perceber o quão bem ela descreve o universo feminino. Como ela de alguma forma fala de si mesma sem ser autobiográfica. Ela se desnuda aos poucos, e em fragmentos, a cada conto. A cada personagem.

Faz-nos pensar sobre o que é ser mulher. Seja a dócil dona de casa, seja a atrevida profissional liberal. Ou sejam ambas... Afinal, é o que quase todas nós somos hoje em dia.... Entre a artista e a esposa... E todos os senões e percalços que as separam. Como era difícil ser Virgínia W. naqueles tempos! Como ela devia sofrer por tentar ser 100% ambas.. Mulher-esposa x Artista-mulher!

 Adorei "O diário de mistress Joan Martyn". Como ela narrou a rotina de uma jovem solteira do século XV. Era quase possível ver os personagens dançando pela minha sala, assim como apareciam as figuras do Rei Artur para miss Joan quando o cantador narrava as lendas daquele tempo.

Ela esteve aqui e tomou chá comigo. Conversamos longamente sobre a vida no Solar dos Martyn. Pude compreender aquele universo simples. Nada de príncipes e princesas. A realidade fria e dura de pessoas comuns. A energia das mulheres. As verdadeiras líderes do Lar, mesmo que à sombra de maridos quase sempre ausentes.

Fiquei surpresa também em perceber como ela antecipa seu próprio suicídio no conto "O misterioso caso de miss V", escrito mais de 30 anos antes da sua morte. Que mulher fantástica! Tinha energia demais e acabou sendo consumida por si mesma... Terá sido um caso de Burnout em escritora? Humm... Isso acaba de me ocorrer.... É possível.

Vou continuar lendo. Mais tarde conto mais contos para vocês.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Hoje eu quero escrever.

Hoje eu quero escrever.


Este blog tem alguns leitores. Alguns são ocasionais. Outros entram por acaso enquanto pesquisam verbetes no google. Alguns desses ficam e tomam um café. Outros saem apressados porque não era bem o que estavam procurando. Alguns nunca mais voltam. Alguns poucos se tornam leitores assíduos.

Um desses meus leitores assíduos é um crítico de literatura. De cinema. De política. De tudo.

Este meu crítico assíduo gosta de alguns dos meus textos. Outros ele detesta. Outros ele ignora. Para todos, ele faz a mesma crítica: “Seus textos são centrados em si e giram ao seu redor. Tente escrever sobre temas gerais, sem colocar tanto de si nas linhas e entrelinhas”.

Acho que ele está certo. Mas eu nem tentei me tirar do papel. Estou presa a ele. E ele a mim. Fazemos uma simbiose agradável. A tela do computador e o teclado são continuações da minha mente. O Blog é a minha “penseira ”. E vai continuar centrado em mim.

Adoro ler. Observo que os escritores também se manifestam por meio de suas obras. Eles se dissociam em alter-egos e revelam seus medos, desejos e sonhos por meio dos seus personagens. A J. K. Rowling por exemplo, é a Rita Skeeter. O Eça de Queiróz é o Ega (“Os Maias”). Marion Zimmer Bradley pôs um pouco de si na sua “Morgana das Fadas” e J.R.R. Tolkien provavelmente gostaria muito de ser o Frodo (“O Senhor dos anéis”).

Enfim, escrever é falar de si. Seja explícita ou implicitamente. Usando metáforas ou sendo diretos, os escritores se expõem. Sem se preocupar muito com o que os outros vão pensar. Ou bem lá no fundo, esperando que todos gostem. Afinal, é para isso que se escreve... Para ser lido e para ser querido!

Acho bonito quando os autores criam imagens, personagens e mitologias para falar das suas experiências de vida, seus medos e da história do seu tempo. Isso fica muito visível na saga “O Senhor dos Anéis”. Escrita durante um período turbulento em que as trevas dominavam o mundo (II Guerra mundial) e os tiranos faziam as leis. Como não associar o Senhor do escuro com Hitler e seus soldados com os orcs?

Já na linha dos escancarados, temos “Maus” de Art Spiegelman . A história do pai do autor é escrita em quadrinhos. Os judeus são ratinhos. Os alemães são gatos. Os americanos são cães e os poloneses são porcos, etc. A metáfora se limita aos animais-personagens. O resto é pura realidade. Nua e crua. A história é linda. Eu recomendo.

Implícito ou explícito, lá está o ego do escritor. Nas linhas, nas entrelinhas, nos títulos e nas notas de rodapé. Seria bom se pudéssemos colocar a nas referências bibliográficas: História de Vida – Autor: O próprio.

[1]Penseira: Caldeirão usado por alguns bruxos na série “Harry Potter”. Servia para armazenar pensamentos e de certa forma, esvaziar um pouco a mente. Com auxílio da varinha, o bruxo transfere suas lembranças para a penseira e deixa guardadas ali para usar quando for necessário.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Dicas para proteger-se da maldade humana

Esse texto não é meu. Foi compartilhado por minha prima no Facebook. Achei muito interessante e por isso decidi publicar no blog.


DEFENDA-SE DAS ENERGIAS NEGATIVAS


Todos nós sabemos que as energias negativas são uma das maiores preocupações do ser humano. Procurar fugir delas é besteira. Ela nos alcança em qualquer lugar do planeta.

Mas, podemos nos defender, começando a tomar uma série de atitudes e providências. Abaixo segue seis dicas pessoais para começar a combatê-las.

1. NÃO TEMER NADA E NEM A NINGUÉM

Uma das armas mais eficazes na subjugação de um ser é impingir-lhe o medo. Sentimento capaz de uma profunda perturbação interior, vindo até a provocar verdadeiros rombos na aura, deixando o indivíduo vulnerável a todos os ataques. Temer alguém significa colocar-se em posição inferior, temer significa não acreditar em si mesmo e em seus potenciais; temer significa falta de fé.

O medo faz com que baixemos o nosso campo vibracional, tornando-nos assim vulneráveis às forças externas. Sentir medo de alguém é dar um atestado de que ele é mais forte e poderoso. Quanto mais você der força ao opressor, mais ele se fortalecerá.

IBÈRÙ IÈ FÁ IKÚ ÁRÀ TÁBÌ TÍ ÈMI.

O MEDO É QUEM ENGENDRA A MORTE PREMATURA.



2. NÃO SINTA CULPA

Assim como o medo, a culpa é um dos piores estados de espírito que existem. Ela altera nosso campo vibracional, deixando nossa aura (campo de força) vulnerável ao agressor. A culpa enfraquece nosso sistema imunológico e fecha os caminhos para a prosperidade. Um dos maiores recursos utilizados pelos invejosos é fazer com que nos sintamos culpados pelas nossas conquistas. Não faça o jogo deles e saiba que o seu sucesso é merecido. Sustente as suas vitórias sempre!

3. ADOTE UMA POSTURA ATIVA

Nem sempre adotar uma postura defensiva é o melhor negócio. Enfrente a situação. Lembre-se sempre do exemplo do cachorro: quem tem medo do animal e sai correndo, fatalmente será perseguido e mordido. Já quem mantém a calma e contorna a situação pode sair ileso. Ao invés de pensar que alguém pode influenciá-lo negativamente, por que não se adiantar e influenciá-lo beneficamente? Ou será que o mal dele é mais forte que o seu bem? Por que será que nós sempre nos colocamos numa atitude passiva de vítimas? Antes que o outro o alcance com sua maldade, atinja-o antecipadamente com muita luz e pensamentos de paz, compaixão e amor.

4. FIQUE SEMPRE DO SEU LADO

A maior causa dos problemas de relacionamentos humanos é a "Auto-Obsessão".

A influência negativa de uma pessoa sobre outra sempre existirá enquanto houver uma idéia de dominação, de desigualdade humana, enquanto um se achar mais e outro menos, enquanto nossas relações não forem pautadas pelo respeito mútuo. Mas grande parte dos problemas existe porque não nos relacionamos bem com nós mesmos.

"Auto-Obsessão" significa não se gostar, não se apoiar, se autoboicotar, se desvalorizar, não satisfazer suas necessidades pessoais e dar força ao outro, permitindo que ele influencie sua vida, achar que os outros merecem mais do que nós. Auto-obsediar-se é não ouvir a voz da nossa alma, é dar mais valor à opinião dos outros.

Os que enveredam por esse caminho acabam perdendo sua força pessoal e abrem as portas para toda sorte de pessoas dominadoras e energias de baixo nível. A força interior é nossa maior defesa.

5. SUBA PARA POSIÇÕES ELEVADAS

As flechas não alcançam o céu. Coloque-se sempre em posições elevadas com bons pensamentos, palavras, ações e sentimentos nobres e maduros.

Uma atmosfera de pensamentos e sentimentos de alto nível faz com que as energias do mal, que têm pequeno alcance, não o atinjam. Essa é a melhor forma de criar "incompatibilidade" com as forças do mal. Lembrem-se: energias incompatíveis não se misturam.

6. FECHE-SE ÀS INFLUÊNCIAS NEGATIVAS

As vias de acesso pelas quais as influências negativas podem entrar em nosso campo são as portas que levam à nossa alma, ou seja, a mente e o coração. Mantenha ambos sempre resguardados das energias dos maus pensamentos e sentimentos, e fuja das conversas negativas, maldosas e depressivas.

Evite lugares densos e de baixo nível. Quando não puder ajudar, afaste-se de pessoas que não lhe acrescentam nada e só o puxam para o lado negativo da vida. O mesmo vale para as leituras, programas de televisão, filmes, músicas e passatempos de baixo nível...

CONCLUSÃO...

VOE MAIS ALTO...!!!

Logo após a 2a. Guerra, um jovem piloto inglês experimentava o seu frágil avião monomotor numa arrojada aventura ao redor do mundo. Pouco depois de levantar vôo de um dos pequenos e improvisados aeródromos da Índia ouviu um estranho ruído que vinha de trás do seu assento. Percebeu logo que havia um rato a bordo, que poderia, roendo a cobertura de lona, destruir o seu frágil avião. Poderia voltar ao aeroporto para se livrar do incômodo produzido pelo perigoso e inesperado passageiro. Contudo, lembrou-se de que os ratos não resistem a grandes alturas. Voando cada vez mais alto, pouco a pouco, os ruídos cessaram... O perigo foi-se...

Se o ameaçarem destruir por inveja, calúnia ou maledicência... VOE MAIS ALTO...!!! Se o criticarem destrutivamente... VOE MAIS ALTO...!!! Se lhe fizerem injustiças... VOE MAIS ALTO...!!! E... Lembre-se: OS RATOS NÃO RESISTEM ÀS ALTURAS!!!

O mundo o enxerga como você se vê!!!

Não espere que outros o respeitem se você mesmo não se respeitar.

Não imagine que o mundo o amará, se você próprio não se amar!!

Dignidade e Respeito próprio são fundamentais para que se aprenda a respeitar também o próximo. Quando vencemos nosso "maior inimigo", ou seja, "NÓS MESMOS", é que iniciamos a estrada para nos tornarmos um ser humano melhor.


A “firmeza e a nobreza de caráter” são forjadas dia a dia, com atitudes práticas e não somente com retórica. Àsé o!

CARATER É A CAPACIDADE QUE A PESSOA TEM DE SE OBSERVAR COM HONESTIDADE E MODIFICAR ATITUDES, COM ISSO VENCER SEUS DEFEITOS E SE FAZER UM MELHOR SER HUMANO...



BY AWOFA IFAKEMI MIGUEL

domingo, 1 de janeiro de 2012

2012

Hoje é o primeiro dia do ano. Acordei cedo. A casa ainda está quieta. Ouço apenas o vento,  um bem-te-vi que fez seu ninho na varanda e minha cachorra que late para qualquer coisa estranha que se move no quintal. Aliás, foi ela quem me acordou. Agora está quieta. Acredito que latiu apenas para me arrancar da cama!

Minha família dorme. Dou uma olhada neles e penso: Que bom que existem. Que bom que estão aqui. Dormem tranquilos. Alheios ao bem-te-vi, ao ninho e aos latidos da minha inquieta Ona.

Já que acordei, decidi escrever. Há quem reflita em silêncio. Há quem reflita falando. Há aqueles que pensam quando lêem. Eu, penso escrevendo.

Enquanto pensamentos diversos me vazam pelos dedos, reflito sobre o Ano Novo. Embora seja apenas mais um dia no calendário, a gente sempre deposita muitas expectativas  no 01 de Janeiro. Achamos que por alguma mágica, o dia será diferente dos milhares de dias que já vivemos antes deste. É claro que ele é sempre melhor que os outros 01 de janeiros que já passaram por nós. É um dia místico. É um dia bom.

É dia de fazer as mesmas perguntas de sempre: Como vai ser Ano? Como será o amanhã? Como vai ser o meu destino? O que vai acontecer com o mundo? Será que acaba mesmo?

Não sei. Podemos consultar os búzios, as cartas, as estrelas, perguntar para os sábios ou tentar adivinhar sobre uma bola de cristal. A resposta não estará lá. Ela está aqui. Comigo e com você.

O Ano será tão bom quanto nós formos capazes de fazê-lo assim.

Sabe aquelas resoluções de Ano Novo que todos os anos fazemos sob o efeito evaporativo do espumante?Quem sabe se colocarmos no papel, deixem de ser sonhos para se tornar objetivos? Quem sabe assim, acabam virando realidade?

Acabei de pegar meu caderninho para escrever ali tudo o que quero para 2012. Casa, trabalho, família, relacionamentos. Uma página para cada dimensão da vida. É gostoso colocar no papel. Parece que só de escrever, as coisas já começam a se materializar.

Platão dizia que tudo o que agora existe, já existia antes no mundo das ideias. Eu não conheço esse tal mundo, mas imagino um paraíso multicolorido em que as ideias viajam livres pelo ar. Elas ficam lá... Esperando ser captadas por alguém. Numa manhã silenciosa como essa, uma mente quieta pode conseguir conectar-se a este mundo imaginário....

Vamos ideias... venham.... Ou melhor, deixem-me ir até vocês.

Uma vez conectados, é só ficar observando e capturar aquelas que lhe parecerem mais agradáveis. Acabo de captar as minhas. Tratei de colocá-las no papel para que não fujam mais. Isso equivale a pegar uma semente trazida pelo vento e plantar num vaso. Neste momento, a ideia passa do estágio de sonho para o de 'objetivo'. Ainda me parece invísível. Mas sei que está lá. Não esqueço dele, ainda que não possa vê-lo.

Plantei várias sementes. Em diversos vasos. Agora, cabe a mim regar, dar alimento e cuidar deles todos os dias. Até que floresçam.

Quando os objetivos brotam, eles viram metas. Agora já posso medir. Quantos centímetros cresceram? Quantas folhas brotaram? Quanto avançamos em nosso plano? Talvez seja preciso podar um pouco. Talvez a planta seja grande demais para o vaso que comprei. Talvez, ao contrário, eu precise de um vaso menor.

Oops!! Apareceu uma erva daninha, um desvio de percurso, uma seca muito braba ou uma chuva torrencial. É preciso proteger as plantinhas. Ainda são frágeis. Podem morrer se eu não tiver cuidado! Não posso desistir delas, agora que mais precisam de mim!

Cresceram e agora já dão frutos, ou flores, ou simplesmente estão no auge da sua folhagem. Chegaram os resultados. Pode ter havido dificuldades passageiras. Pode ter sido necessário redimensionar os planos. Mas aí estão elas. As plantas. As respostas. O produto do que antes era 'apenas' uma ideia..

Agora, não vá plantando couve esperando colher abacaxis!!! Escolha bem sua ideia. E não seja tão rigoroso consigo mesmo. Você pode mudar se quiser. Só não mate uma ideia.  Isso não se faz! Devolva-a ao mundo do sonho. Talvez hoje ela não lhe sirva, mas quem sabe amanhã...

Agora, dá licença vou regar meus vasinhos para que minhas plantinhas cresçam fortes e saudáveis.

Feliz Ano Novo! Muitas ideias, objetivos, metas e resultados para todos!