sábado, 20 de outubro de 2012

Pára tudo! É informação demais. Vamos tomar um café!

Tem momentos que faço isso mesmo. Quando o cérebro não está processando mais nada e estou prestes a entrar em curto, páro tudo e vou tomar um café. Troco uma ideia com alguém. Ou fico ali sozinha mesmo, observando a fumaça que sai da xícara e pensando em como tratar toda essa avalanche de informações que recebo todos os dias. 

Ando refletindo sobre o efeito da modernidade sobre nossa saúde mental. Decididamente recebemos muito mais informações que nosso cérebro é capaz de processar. Tudo hoje é muito rápido e entrecortado. Interrompido. Raso.

Começamos a escrever uma mensagem no facebook e logo "pipoca" uma outra no MSN, e no twitter. E toca o telefone. E chega um e-mail novo. E a atualização do Windows lhe interrompe avisando que vai reiniciar sua máquina....AGORA!

... (reiniciando)...

Antigamente, usávamos mais o "ou". Ou escrevíamos uma carta, ou usávamos o telefone. Ou íamos falar pessoalmente. As cartas eram mais longas.

Ou conversávamos com uma pessoa ou com outra. Esse negócio de falar com três ou mais amigos simultaneamente sobre assuntos diferentes é coisa de doido! Minha avó nunca entenderia.

Eu estou achando que isso tudo está nos tornando mais impacientes. Mais rasos. Superficiais.

Se o professor oferece aos seus alunos um texto com mais de quatro linhas, os alunos desistem de ler. Pior! Sob o argumento de que tem “muitas palavras”. Ficam logo cansados e entediados. Querem que o professor leia por eles. Escreva por eles.  Pense por eles. 

No meu tempo de estudante, as redações tinham que ter de quatro a cinco parágrafos e de 20 a 25 linhas.

O meu filho só precisou escrever 15 linhas. O ENEM de 2010 exigiu 11 linhas. O de 2011 reduziu a redação para 8 linhas! O de 2012.... sete linhas...SETE LINHAS!!!!!

Como expressar uma ideia e desenvolver um raciocínio com apenas pobres 7 linhas?

Quem é que quer desenvolver ideias, minha tia? – Responderia um desses meninos da geração Z. Essa turma que já nasceu com um chip no cérebro e que não sabe segurar uma caneta, mas digita mais rápido que qualquer secretária executiva.

Pensam rápido. Aprendem rápido. Esquecem rápido. Agem sem pensar.

Nós queremos falar, não dizer. Informar, não conversar. Não há tempo para textos complexos. Não há tempo para filosofia. Não temos tempo para refletir. Nem para sentir. Estamos na era do AGIR! Be quick or be dead! 

                                                                 Blog do Quemel

Confesso que não estou gostando nada disso! Quero conversar. Falar e ouvir. Ler e escrever. Críticas. Comentários. Sugestões. Hipótese. Antítese. Tese.

Quero a reflexão. Quero mais contato. Menos superfície. Mais conteúdo. Olho no olho!

Sei lá.... O que vejo adiante é uma epidemia de psicóticos. Surdos sem problemas de audição. Analfabetos que conseguem ler, mas não conseguem entender o que as palavras lhe dizem. Líderes que decidem com base nas três primeiras linhas de emails que fingem ler. Porque afinal, mais importante que decidir certo é decidir rápido!  

Pessoas impacientes, intolerantes e que medirão seu sucesso pela rapidez com que conseguem responder aos milhares de estímulos que recebem. Sem se preocupar com a qualidade dessa resposta. Sem se preocupar com o impacto das suas decisões. É tudo tão rápido mesmo, que daqui a cinco minutos ninguém vai lembrar do que foi dito ou escrito.

As palavras estão ficando mais curtas e mais escassas. Os vocabulários, cada vez mais restritos.

Ou encontramos o caminho do meio ou vamos todos ficar meio doidos.

Quem consegue ler, entender e responder 200 emails por dia, dentro de uma rotina que inclui conversar com pessoas, andar, comer, rir e amar?

Quem consegue absorver tanta informação? Como diria Caetano...“Quem lê tanta notícia?”.

Por que temos que andar plugados o tempo todo? O ipod no ouvido, um olho na TV outro na internet e dedos rápidos que interagem com todas as redes sociais existentes ao mesmo tempo.

Deixo aqui o meu protesto!

Proponho voltar a ser simples. Que tal uma vez por semana ir para um lugar onde não haja telefone, nem TV, nem internet? Só para a gente descansar um pouco a cabeça?
  
Na Higiene Ocupacional se utiliza o repouso como forma de reduzir o impacto dos agentes de risco na saúde das pessoas. Se há exposição a ruído, se passa uma parte do tempo em um ambiente mais tranquilo. Se numa tarefa há o uso dos braços, que se alterne com alguma atividade que utilize as pernas. Se o indivíduo está em um ambiente quente, vai para uma área mais fresquinha....


E se está exposto a excesso de informação, faz o quê?

Desliga. Desconecta. Cala.

Sugiro o silêncio. Um pão caseiro. Uma xícara de chá ou de café. Uma caminhada no mato. Um bom papo com os amigos. Sem ipods e sem celulares. Por favor!

Descansar a mente e o espírito. Não podemos interromper o avanço da tecnologia. Mas, é preciso saber a hora de parar a nós mesmos. 

Vou agora mesmo fazer um capuccino e refletir um pouco mais sobre isso tudo enquanto observo a fumaça da minha xícara se esvair no ar. Estão servidos?


domingo, 7 de outubro de 2012

Conversas imaginárias

Uma conversa imaginária baseada em fatos reais.

Hora do café da tarde. As cigarras silvam em uma árvore distante. Faz calor na Baixada Fluminense, mas à noite deve chover.

Uma criança, um pai, uma xícara de café fumegante e perguntas existenciais...

- Pai por que o passado se chama passado e o presente se chama presente? E o que é o futuro?

- Filha, por que você não comeu aquele bolo que sua mãe lhe fez e você nem provou?

- Xiii, pai. Esqueci! Agora, já tem mais de uma semana! Deve estar passado!

- Exatamente, filha. Passado, é aquilo que passou do tempo. Virou história. O futuro, é desconhecido. É como aquela estrada para a serra, quando está cheinha de nuvens. A gente não enxerga nada, não é mesmo? Mas, conseguimos enxergar passo a passo, metro a metro, conforme vamos avançando. Isso é o futuro. A gente só entende mesmo, quando ele vira presente.

- E o presente, pai?

- Ah, o presente é uma dádiva. É por isso que ele se chama presente. Precisamos aproveitá-lo bem, senão, ele fica igual aquele bolo que você não comeu. Fica passado e você nem pôde saber se era bom ou não.

Entendeu, minha filha?