Este blog tem alguns leitores. Alguns são ocasionais. Outros entram por acaso enquanto pesquisam verbetes no google. Alguns desses ficam e tomam um café. Outros saem apressados porque não era bem o que estavam procurando. Alguns nunca mais voltam. Alguns poucos se tornam leitores assíduos.
Um desses meus leitores assíduos é um crítico de literatura. De cinema. De política. De tudo.
Este meu crítico assíduo gosta de alguns dos meus textos. Outros ele detesta. Outros ele ignora. Para todos, ele faz a mesma crítica: “Seus textos são centrados em si e giram ao seu redor. Tente escrever sobre temas gerais, sem colocar tanto de si nas linhas e entrelinhas”.
Acho que ele está certo. Mas eu nem tentei me tirar do papel. Estou presa a ele. E ele a mim. Fazemos uma simbiose agradável. A tela do computador e o teclado são continuações da minha mente. O Blog é a minha “penseira ”. E vai continuar centrado em mim.
Adoro ler. Observo que os escritores também se manifestam por meio de suas obras. Eles se dissociam em alter-egos e revelam seus medos, desejos e sonhos por meio dos seus personagens. A J. K. Rowling por exemplo, é a Rita Skeeter. O Eça de Queiróz é o Ega (“Os Maias”). Marion Zimmer Bradley pôs um pouco de si na sua “Morgana das Fadas” e J.R.R. Tolkien provavelmente gostaria muito de ser o Frodo (“O Senhor dos anéis”).
Enfim, escrever é falar de si. Seja explícita ou implicitamente. Usando metáforas ou sendo diretos, os escritores se expõem. Sem se preocupar muito com o que os outros vão pensar. Ou bem lá no fundo, esperando que todos gostem. Afinal, é para isso que se escreve... Para ser lido e para ser querido!
Acho bonito quando os autores criam imagens, personagens e mitologias para falar das suas experiências de vida, seus medos e da história do seu tempo. Isso fica muito visível na saga “O Senhor dos Anéis”. Escrita durante um período turbulento em que as trevas dominavam o mundo (II Guerra mundial) e os tiranos faziam as leis. Como não associar o Senhor do escuro com Hitler e seus soldados com os orcs?
Já na linha dos escancarados, temos “Maus” de Art Spiegelman . A história do pai do autor é escrita em quadrinhos. Os judeus são ratinhos. Os alemães são gatos. Os americanos são cães e os poloneses são porcos, etc. A metáfora se limita aos animais-personagens. O resto é pura realidade. Nua e crua. A história é linda. Eu recomendo.
Implícito ou explícito, lá está o ego do escritor. Nas linhas, nas entrelinhas, nos títulos e nas notas de rodapé. Seria bom se pudéssemos colocar a nas referências bibliográficas: História de Vida – Autor: O próprio.
[1]Penseira: Caldeirão usado por alguns bruxos na série “Harry Potter”. Servia para armazenar pensamentos e de certa forma, esvaziar um pouco a mente. Com auxílio da varinha, o bruxo transfere suas lembranças para a penseira e deixa guardadas ali para usar quando for necessário.
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