Embora o Brasil ocupe uma posição privilegiada em comparação com outros países, no que diz respeito a fontes de energia renováveis, a matriz energética brasileira ainda é fundamentalmente dependente do petróleo.
Dados de 2011 (EPE) apontam que o petróleo e seus derivados ocupam o topo da matriz energética nacional e que a tendência é aumentar ainda mais a demanda por essa fonte primária nas próximas décadas.
Por outro lado, considerando apenas a demanda por energia elétrica, a grande fonte ainda é a hidráulica. As hidrelétricas respondem por mais de 70% do suprimento de energia em nosso país. Apesar dessa contribuição diferenciada, temos observado muitas idas e vindas na gestão dos recursos de energia renovável no Brasil.
Em 2010, em artigo publicado no jornal Estado de São Paulo (GOLDEMBERG, 2010), os especialistas no setor energético apontavam o início de um período otimista devido a aprovação do plano decenal de energia naquele ano. Eram previstos investimentos importantes nas hidrelétricas com previsão de disponibilidade adicional de 30 milhões de MW entre 2010 e 2019, incluindo a hidrelétrica de Belo Monte.
O mesmo artigo explica o aumento da demanda por termelétricas. Isso ocorreu devido ao intenso crescimento do país pós 1990, associado a problemas climáticos (secas) que prejudicaram a operação das hidrelétricas. Além disso, conforme o autor, o Governo teve dificuldades para obter licenciamento ambiental para a construção de novas hidrelétricas.
O curioso neste assunto é que o licenciamento ambiental é dado por órgãos do Governo. Mais curioso ainda é observar que a Construção Civil não tem encontrado dificuldades para licenciar os condomínios, estádios de futebol e prédios comerciais, mesmo em áreas protegidas.
O artigo de 2010 finaliza chamando a atenção sobre a necessidade de economia de energia, o que envolve produção de equipamentos mais eficientes e educação da sociedade.
Em 2013, em artigo do jornal do comércio do Rio Grande do Sul, a expectativa volta a mudar e é apontada a manutenção do ciclo de aumento da demanda por usinas termelétricas. Desta vez, o autor (Klein, 2013) aponta as secas como responsáveis pela queda na produtividade das hidrelétricas.
A discussão se volta para as reservas de carvão do RS e de seu potencial de contribuição para o fornecimento de energia. O mesmo artigo lembra o compromisso assumido pelo Governo de não onerar a tarifa de energia elétrica para o consumidor final, mesmo com o aumento de produção das usinas térmicas. Compromisso esse insustentável e que ao menos na Bahia já foi rompido (recentemente foi aprovado um aumento de 15% na tarifa de energia elétrica doméstica e 16% para indústrias).
Outra promessa não cumprida foi o aproveitamento da energia eólica. Anunciado em 2011 como uma alternativa viável e com a perspectiva de disponibilizar até 10 GW para a população, os novos parques eólicos até hoje não deslancharam.
A matriz energética do Brasil ainda é muito dependente do petróleo, porém, temos um potencial hidrelétrico diferenciado e um potencial eólico que ainda pode ser mais explorado. Além disso, podemos desenvolver outras fontes como biocombustíveis, aproveitamento de gás do lixo, processamento de biomassa e maior investimento na produção de álcool a partir da cana-de-açúcar.
Temos recursos naturais abundantes, temos cabeças pensantes, temos tecnologia. Falta gestão, competência política e vontade de fazer o que é certo.
O Brasil é um desperdício. Vamos mudar isso? Comece votando certo!
Referências:
SREVE, R. N et al - Indústria de Processos Químicos - 4a edição - Ed Guanabara - Rio de Janeiro - 1997
Matriz Energética Nacional e Balanço Energético - Notas de aula - Prof Marcio
www.epe.gov.br - Empresa de Pesquisa Energética -acessada em 27/04/14
GOLDEMBERG, J. A matriz energética brasileira. O Estado de São Paulo. 17/05/2010.
KLEIN, J. A matriz energética brasileira poderá mudar. Jornal do Comércio do Rio Grande do Sul. Caderno de Economia, pag 11. 14/01/13.
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